Sistema Toyota de Produção


Para manterem-se vivos no mercado e concorrer com o baixo custo da indústria automobilística européia e americana, baseada na produção em massa de um único modelo de automóvel. Foi que, a partir da Segunda Guerra Mundial a Toyota obrigou-se a procurar desenvolver uma nova maneira de produzir automóveis. Um sistema próprio, para uma produção com pequenas quantidades com modelos e cores diferentes. Um sistema focado no lucro por unidade produzida. Devido essa nova demanda do mercado, os japoneses da Toyota, lançaram-se na busca por um método eficiente, uma nova filosofia, um sistema de controle de produção que eliminasse tudo aquilo que não agregasse valor ao produto.
Portanto, precisavam fugir do sistema tradicional de linha de montagem, o sistema de "empurrar" a produção, deixando que o próprio consumidor ditasse as regras, puxando a produção.
Podemos observar essa transformação econômica, social e cultural ocorrida, nas afirmações abaixo, segundo uma visão do pensamento liberal de:

Guy Sorman (1984, p.124)

O MOTOR do crescimento é a empresa, mas o motor da empresa me parece ser agora a participação dos assalariados. As empresas de melhor desempenho do mundo deserdaram definitivamente do modelo burocrático imortalizado por Charles Chaplin em Tempos Modernos. Essa revolução liberal no capitalismo é incontestavelmente universal, e é em torno da bacia do Pacífico, novo eixo do mundo industrial, que ela ganha a melhor forma. A 300 km a oeste de Tóquio, depois de ter ultrapassado, num trem expresso, o Monte Fuji e seu cinturão de centrais elétricas, chegamos a uma região do Japão pedregosa e infértil. Foi ali, para não privar de terra cultivável uma nação tão pobre dessas terras, que Junichiro Toyota fundou a primeira usina automobilística moderna de seu país. Foi em 1921. Sessenta anos mais tarde, o próprio nome da cidadezinha foi esquecido: estamos agora em Toyota City. Distribuídos pelas seis usinas, 60.000 operários produzem 3 milhões de veículos por ano, vendidos em 60 países. São os trabalhadores mais eficazes do planeta. Todos foram recrutados ao término de seus estudos, com um nível mínimo de 2º Grau para os operários. Todos ficarão em Toyota até sua aposentadoria, aos 55 anos. Seus salários aumentarão, quase que exclusivamente por antiguidade, jogarão futebol, beisebol, ou golfe, nos clubes da Toyota, residirão num apartamento da Toyota e partirão, em férias, para hotéis Toyota.

Para que pudessem implantar essa nova filosofia de controle de produção, a Toyota precisava da colaboração de cada operário. Pois essa filosofia caracterizou-se em três aspectos principais: uma guerra contra as perdas, usando técnicas revolucionárias de manufatura; compromisso de fabricar produtos de qualidade perfeita; nível sem precedentes de envolvimento de todas as pessoas em todos os níveis nas decisões. A importância dessa colaboração é descrita abaixo, segundo o pensamento liberal de:

Guy Sorman (1984, p. 125)

Todos dispõem na Toyota de uma parcela de poder e, em contrapartida, de responsabilidade pessoal face à empresa. Essa usina é, também, a que menos se assemelha ao sistema inventado, na aurora da era das massas, pelo engenheiro americano Taylor. O operário da Toyota, assim como o técnico e o engenheiro são cidadãos de sua empresa; vivem ali uma forma de democracia econômica. Empregadores e empregados da Toyota consideram que seus interesses se conciliam, que a empresa é para eles um bem comum. Essa democracia econômica não exclui totalmente o confronto. A base é sindicalizada, e, mesmo em se tratando de um sindicato de empresa, não é um sindicato fantoche, manipulado pela direção; está filiado à poderosa União de Trabalhadores do Automóvel que é altamente combativa. Os conflitos não são dissimulados; pelo contrário, são debatidos em todos os níveis, com obstinação, numa negociação permanente que exclui de fato - mas não de direito - um único meio de pressão: a greve. Pois, lá, todo conflito deve ser resolvido em nome do Princípio da harmonia [...], a harmonia na Toyota não é apenas um prolongamento da civilização japonesa, mas também o fim de violentos conflitos que evocam mais Marx que Confúcio.

Essa filosofia adotada pelos japoneses da Toyota, o "Just-in-time", tem como definição:
"O 'just-in-time' é uma abordagem disciplinada para melhorar a produtividade e a qualidade total, através do respeito pelas pessoas e da eliminação da perdas. Na fabricação ou montagem de um produto, 'just-in-time', proporciona a produção no custo efetivo e a entrega apenas das peças necessárias com qualidade, na quantidade certa, no tempo e lugar certos, enquanto usa o mínimo de instalações, equipamentos, materiais e recursos humanos." (Moura, Reinaldo A., 1989, p.13)

O Sistema Toyota de Produção, o Just-in-time, tornou-se referência, como uma filosofia eficiente e é reconhecida mundialmente pois, busca incessantemente eliminar as perdas que podem estar - nos retrabalhos, no tempo desperdiçado, no transporte indevido, no excesso de estoque, no excesso de registro...


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